Ator, que vive na França, retornou ao Brasil após sucesso gigantesco na web para turnê com stand up ‘Bôcu Bonjour’ Max Petterson viralizou na web quase sete anos atrás ao brincar em um vídeo postado em sua rede social com o verão europeu dizendo que Paris, na França, tinha um “calor da molesta” nesta época. Sua maneira de falar, com expressões cearenses, encantou seus seguidores, que hoje passam de um milhão no Instagram.
O ator, de 30 anos de idade, que há dez anos vive na Europa, atualmente passou uma temporada no Brasil, onde apresentou em Manaus, São Paulo e João Pessoa seu stand up Bôcu Bonjour, em que divide suas experiências na terra natal Cariri e no exterior. Por aqui, ele também divulgou sua marca de roupas, a Espilicute.
Em conversa recente, ele falou sobre os desafios que encontrou para ter espaço como ator, o recomeço na capital francesa e o reconhecimento profissional.
Por que Paris?
Eu tentava muito fazer faculdade na USP e na Unirio, mandava e-mails e não recebia respostas. Falando com o meu orientador sobre não conseguir ter retorno do sudeste, fui orientado a ir para a França. Eu nem falava francês na época, mas mandei um e-mail traduzido pelo Google Tradutor para a Faculdade de Sorbornne e eles me responderam no mesmo dia. Paris passou a ser um sonho. Foi uma oportunidade que surgiu.
Como foi o começo da sua vida na Europa?
Cheguei lá com mil euros no bolso e um sonho. Comecei fazendo limpeza. Trabalhava como faxineiro. Passei por perrengues gigantescos. Quando me tornei guia turístico já estava nos tempos de glória. Quando me tornei famoso na internet, as pessoas queriam se encontrar comigo em Paris. Eu não entendia isso, mas precisava trabalhar, então tive a ideia de convidar essas pessoas para passear comigo como guia. Conheço muito da história da França. Pensei: as pessoas podem passar uma tarde comigo e vou ser remunerado por isso. Virou um sucesso. Durou uns três anos e meio, mas daí veio a pandemia e eu tive que reformular a minha vida.
Cheguei lá com mil euros no bolso e um sonho. Comecei fazendo limpeza. Trabalhava como faxineiro. Passei por perrengues gigantescos. Quando me tornei guia turístico já estava nos tempos de glória. Quando me tornei famoso na internet, as pessoas queriam se encontrar comigo em Paris. Eu não entendia isso, mas precisava trabalhar, então tive a ideia de convidar essas pessoas para passear comigo como guia. Conheço muito da história da França. Pensei: as pessoas podem passar uma tarde comigo e vou ser remunerado por isso. Virou um sucesso. Durou uns três anos e meio, mas daí veio a pandemia e eu tive que reformular a minha vida.
O que deu muito certo…
Antes de começar a pandemia, eu tinha 120 seguidores no Instagram. Quando me vi quase à beira da falência, comecei a investir de novo na internet fazendo conteúdo. Em três meses eu já estava com 500 mil seguidores. Com o tempo, foi aumentando. Morreu uma profissão e nasceu outra. Foi quando nasceu de verdade esse Max na internet.
Antes de começar a pandemia, eu tinha 120 seguidores no Instagram. Quando me vi quase à beira da falência, comecei a investir de novo na internet fazendo conteúdo. Em três meses eu já estava com 500 mil seguidores. Com o tempo, foi aumentando. Morreu uma profissão e nasceu outra. Foi quando nasceu de verdade esse Max na internet.
Você fez sucesso ao mostrar a sua essência cearense na França. Como foi ser descoberto como um talento pelos brasileiros fora do Brasil?
As pessoas valorizam muito o que é de fora. Eu me tornei um produto de fora para poder ser valorizado na minha terra. Sou muito grato à vida por ter feito sucesso por ser cearense e não precisar me adaptar a outro sotaque e outra cultura para poder ter êxito na carreira artística. Mas esse começo foi muito difícil. Todo mundo que vem de uma origem pobre ou que está numa situação difícil, sabe como é. Mesmo assim, eu tinha algo que me movia muito durante esse período todo, que era a ilusão de saber que aquilo era efêmero. Eu sabia que aquela situação na minha vida não iria durar para sempre. Só não sabia que ia durar dez anos ou uma semana. Isso me motivou a enxergar o lado bom das coisas. Isso tem muito do cearense que é “mesmo quando a gente está na merda, a gente está feliz”. Por isso somos tão acolhedores.
As pessoas valorizam muito o que é de fora. Eu me tornei um produto de fora para poder ser valorizado na minha terra. Sou muito grato à vida por ter feito sucesso por ser cearense e não precisar me adaptar a outro sotaque e outra cultura para poder ter êxito na carreira artística. Mas esse começo foi muito difícil. Todo mundo que vem de uma origem pobre ou que está numa situação difícil, sabe como é. Mesmo assim, eu tinha algo que me movia muito durante esse período todo, que era a ilusão de saber que aquilo era efêmero. Eu sabia que aquela situação na minha vida não iria durar para sempre. Só não sabia que ia durar dez anos ou uma semana. Isso me motivou a enxergar o lado bom das coisas. Isso tem muito do cearense que é “mesmo quando a gente está na merda, a gente está feliz”. Por isso somos tão acolhedores.
Você não sofreu preconceito lá fora por ser brasileiro?
Nunca sofri por ser brasileiro. Acho que por isso que fui para Paris. É difícil falar isso, como nordestino, do interior do Ceará, com o sotaque que tenho, se eu fosse tentar fazer teatro no Brasil, eu ia sofrer algum tipo de exclusão. A gente estava acostumado a ver nordestino retratado na TV como empregado, porteiro, bicha… Não são papéis menores, mas não estereótipos. Eu sabia que na França eu não sofreria o preconceito por ser nordestino.
Nunca sofri por ser brasileiro. Acho que por isso que fui para Paris. É difícil falar isso, como nordestino, do interior do Ceará, com o sotaque que tenho, se eu fosse tentar fazer teatro no Brasil, eu ia sofrer algum tipo de exclusão. A gente estava acostumado a ver nordestino retratado na TV como empregado, porteiro, bicha… Não são papéis menores, mas não estereótipos. Eu sabia que na França eu não sofreria o preconceito por ser nordestino.
Essa ideia de produzir conteúdos mais divertidos surgiu naturalmente ou foi algo que você planejou?
Sou a pessoa que você vê na internet. Ali sou eu. Antes disso, no teatro, eu fazia drama e arte contemporânea. Fiz faculdade de teatro no Brasil e parei o curso para estudar arte na França. Eu tinha esse lado artístico, mas o cômico era da minha personalidade. Quando viralizei na internet foi com algo que não tinha controle. Vídeo viral é algo que não se tem controle. A gente faz e ele explode na internet. Foi o que aconteceu e daí comecei a notar que as pessoas riam de qualquer coisa que eu falava. Comecei a criar conteúdos dando o que as pessoas queriam para poder depois apresentar o que eu queria de fato mostrar.
Sou a pessoa que você vê na internet. Ali sou eu. Antes disso, no teatro, eu fazia drama e arte contemporânea. Fiz faculdade de teatro no Brasil e parei o curso para estudar arte na França. Eu tinha esse lado artístico, mas o cômico era da minha personalidade. Quando viralizei na internet foi com algo que não tinha controle. Vídeo viral é algo que não se tem controle. A gente faz e ele explode na internet. Foi o que aconteceu e daí comecei a notar que as pessoas riam de qualquer coisa que eu falava. Comecei a criar conteúdos dando o que as pessoas queriam para poder depois apresentar o que eu queria de fato mostrar.
E após anos tendo esse contato por internet, você retornou ao Brasil para apresentar o stand up Bôcu Bonjour…
Comecei o stand up em 2020 e estourou a pandemia. Era para ser uma turnê, mas só ficou no Ceará mesmo com duas apresentações na capital e duas no interior. Em setembro de 2022, voltei com a minha turnê para fazer algo pequeno, mas isso foi com aqueles cachorros que você fala, “leva, pra casa, mulher, que não vai crescer, não” e quando você olha, ele já está gigantesco. O negócio foi ficando bem maior. Estou há um ano e meio de turnê, visitei mais de 25 cidades para apresentar o espetáculo para mais de 20 mil pessoas. Isso é algo muito grande para mim. Em São Paulo, duas horas após começarem as vendas dos ingressos, o site já não estava mais vendendo. Liguei para o meu produtor e falei: “Você está louco? Como vou fazer um show em São Paulo se o site não está vendendo os ingressos?”. Ele me avisou que não estavam mais porque tinha esgotado tudo. Isso foi surreal. É gratificante saber que algo que a gente entregou o coração e a alma está sendo tão bem recebido.
Comecei o stand up em 2020 e estourou a pandemia. Era para ser uma turnê, mas só ficou no Ceará mesmo com duas apresentações na capital e duas no interior. Em setembro de 2022, voltei com a minha turnê para fazer algo pequeno, mas isso foi com aqueles cachorros que você fala, “leva, pra casa, mulher, que não vai crescer, não” e quando você olha, ele já está gigantesco. O negócio foi ficando bem maior. Estou há um ano e meio de turnê, visitei mais de 25 cidades para apresentar o espetáculo para mais de 20 mil pessoas. Isso é algo muito grande para mim. Em São Paulo, duas horas após começarem as vendas dos ingressos, o site já não estava mais vendendo. Liguei para o meu produtor e falei: “Você está louco? Como vou fazer um show em São Paulo se o site não está vendendo os ingressos?”. Ele me avisou que não estavam mais porque tinha esgotado tudo. Isso foi surreal. É gratificante saber que algo que a gente entregou o coração e a alma está sendo tão bem recebido.
Como tem sido esse contato ao vivo com público?
É um privilégio poder ver as pessoas. A gente vive na internet com números, “um milhão”, “mais cem mil”, mas a gente não sabe quem são essas pessoas. A turnê me dá essa oportunidade de falar com essas pessoas e de olhar para elas. Tirei fotos com todas as pessoas que ficaram no final do espetáculo. Creio que devo ter tirado fotos com pelo menos umas dez mil. Esses encontros foram importantes para eu saber quem são essas pessoas e o porquê delas me assistirem.
É um privilégio poder ver as pessoas. A gente vive na internet com números, “um milhão”, “mais cem mil”, mas a gente não sabe quem são essas pessoas. A turnê me dá essa oportunidade de falar com essas pessoas e de olhar para elas. Tirei fotos com todas as pessoas que ficaram no final do espetáculo. Creio que devo ter tirado fotos com pelo menos umas dez mil. Esses encontros foram importantes para eu saber quem são essas pessoas e o porquê delas me assistirem.
E você vai com a turnê para Portugal?
Já me apresentei antes em Portugal, no ano passado, em uma apresentação única, mas agora, no começo do mês de julho, vou fazer uma turnê em quatro cidades: Aveiro, Viseu, Porto e Lisboa. Às vezes, paro e penso que aquele menino do interior do Ceará hoje está em turnê em outro país. É muito gratificante.
Já me apresentei antes em Portugal, no ano passado, em uma apresentação única, mas agora, no começo do mês de julho, vou fazer uma turnê em quatro cidades: Aveiro, Viseu, Porto e Lisboa. Às vezes, paro e penso que aquele menino do interior do Ceará hoje está em turnê em outro país. É muito gratificante.
Você acredita que o humor te salvou?
Total. É literalmente o rir para não chorar. Tanto que no meu stand up conto várias citações da minha vida, desde o interior até chegar à França e a vida atual. Falo do período em que eu fazia limpeza, que foi muito duro, mas falo com humor. É pegar um limão e transformar em uma limonada.
Total. É literalmente o rir para não chorar. Tanto que no meu stand up conto várias citações da minha vida, desde o interior até chegar à França e a vida atual. Falo do período em que eu fazia limpeza, que foi muito duro, mas falo com humor. É pegar um limão e transformar em uma limonada.
Você tem o sonho de fazer TV no Brasil?
Tenho quatro trabalhos no audiovisual, dois filmes e duas séries. São produções que se passam no nordeste. Para mim foi uma dádiva porque não precisei me adaptar para fazer esses trabalhos. No teatro existe um laboratório, quando o ator estuda um sotaque para se transformar. Só que as pessoas confundem laboratório… Acreditam que têm a necessidade de deixar quem é e como fala para ser outra pessoa, caso contrário não vai conseguir fazer novela ou filme. Tenho vontade de experimentar e de fazer uma novela, mas, ao mesmo tempo, estou tranquilo. Se nunca me chamarem, estou tranquilo porque continuo fazendo minhas produções audiovisuais nordestinas. Mas, se me chamarem, irei com todo o prazer e vou amar.
Tenho quatro trabalhos no audiovisual, dois filmes e duas séries. São produções que se passam no nordeste. Para mim foi uma dádiva porque não precisei me adaptar para fazer esses trabalhos. No teatro existe um laboratório, quando o ator estuda um sotaque para se transformar. Só que as pessoas confundem laboratório… Acreditam que têm a necessidade de deixar quem é e como fala para ser outra pessoa, caso contrário não vai conseguir fazer novela ou filme. Tenho vontade de experimentar e de fazer uma novela, mas, ao mesmo tempo, estou tranquilo. Se nunca me chamarem, estou tranquilo porque continuo fazendo minhas produções audiovisuais nordestinas. Mas, se me chamarem, irei com todo o prazer e vou amar.
Hoje você mora em Paris ou no Brasil?
Digo que moro nos dois lugares. Continuo com o meu apartamento em Paris e passo muito tempo no Brasil. Quando não estou aqui, estou lá.
Digo que moro nos dois lugares. Continuo com o meu apartamento em Paris e passo muito tempo no Brasil. Quando não estou aqui, estou lá.