Ela abre o jogo com a Quem sobre a ilusão da riqueza imediata com a fama, o despertar de uma influenciadora pautada no universo feminino, a renda da internet e as possibilidades da solteirice em contrapartida a quem ainda acredite que voltará com o ex-BBB.
Quando vi que muitas mulheres passaram por situações parecidas com a minha, envolvendo aspectos muito piores, comecei a me sentir acolhida e segura de que poderia me defender. Por mais que a internet seja um ambiente muito hostil, recebi empatia de grande parte das mulheres
Vida de influenciadora
Questionada sobre o impacto da ascensão na mídia na vida financeira, a professora criada no complexo da Maré, na periferia do Rio de Janeiro, garante que não está rica e aponta o equívoco do público com a ostentação mostrada nas redes sociais.
Esse boom financeiro que as pessoas imaginam que acontece quando a gente se expõe na internet não é real. As coisas não são como a internet aparenta
Ao admitir que caiu de ‘paraquedas’ no mundo dos influenciadores, ela explica que tem se beneficiado de permutas (produtos e serviços oferecidos em troca de divulgação) e focado em arcar com valores dos amigos que integram a sua equipe de trabalho.
“Se estou usando uma bolsa cara ou se estou no hotel, não significa necessariamente que paguei pela bolsa ou pelo hotel. Sabem que isso acontece, mas não param para analisar criticamente que momento que acontecem as parcerias ou o que a gente chama de permuta”
Ela ainda explica que custos de hospedagem em São Paulo, por exemplo, não são completamente quitados com parcerias, já que fica por muitos dias na capital paulista, e que as pessoas “não pagam a conta de luz ou a comida no arroba”. Além de reforçar o intuito de retribuir financeiramente todos que tem ajudado no seu crescimento.
“Ainda não estou rica, mas, assim que der uma melhorada financeiramente, espero, antes de qualquer coisa, ajudar a minha mãe. Não tenho carro, não tenho apartamento, não quitei dívidas, as coisas estão mais para ficar no zero a zero. Ainda estou construindo e me estabelecendo financeiramente”
Ilusão da riqueza
A fama veio em um momento crucial na vida de Camila, quando estava desempregada após ter sido demitida da escola onde dava aulas de História, e ela reitera que ainda está lidando com os primeiros passos financeiros vindo da internet.
Camila usou o valor do seguro-desemprego e da rescisão para pagar um amigo em comum com o ex-marido, que deu a ajuda financeira para manter os custos de casa. Foi dessa forma que ela conseguiu manter a vida até conseguir os primeiros retornos de publicidades, mas ainda está aprendendo a administrar os novos recursos.
Minha ida para São Paulo foi com parceria de ônibus, o hotel foi parceria, é muito engraçado ver a pessoa achar que você está rica. É arroba e arroba. E fiz uma parceria no hotel no fim de semana, mas meu arroba não dá um mês no hotel, tem um valor. As pessoas não pensam nisso
“É tentativa e acerto, não vou dar a louca de chegar no banco e pedir um empréstimo, não sou irresponsável dessa forma. Vou construindo as coisas aos pouquinhos. E quero que as pessoas que me apoiaram possam crescer emocionalmente e financeiramente comigo também”
Marca de maquiagem
Em meio ao turbilhão de visibilidade, Camila Moura surpreendeu o público com o lançamento da marca de cosméticos que leva o próprio nome. Ela explica a origem da proximidade com maquiagem, já que costumava ser vista com o rosto totalmente natural nos stories, até mesmo na entrada ao vivo do Mais Você com Ana Maria Braga, na TV Globo.
“Sempre gostei de me maquiar, mas era num contexto social, para trabalhar, de estar minimamente apresentável. E sempre entendi que a gente tem que aceitar e entender como a gente é. Isso vai muito do aparecer natural para o pessoal. Você não acorda maquiada e bonita todo dia. Só que, determinado momento, percebi que a maquiagem era capaz de externalizar o empoderamento e força que tinha internamente”, relata.
“Quando comecei a passar pelas transformações de cabelo, de maquiagem, de ir no salão, de fazer unha, percebi que ajuda a gente a internalizar um lado nosso que, talvez, sem a maquiagem, não apareça. Quando você passa um batom vermelho, você se sente poderosa mesmo sem nada na cara. Percebi isso quando a cadeira virou lá na transformação”, completa.
Ela enfatiza o contexto de criação da marca, a partir do contato com a Niss Cosméticos, ao dizer que se conectou primeiramente pelo fato de ser uma indústria gerenciada por duas mulheres com histórias de vida de superação.
O lema delas é maquiagem com propósito. Quando a gente se conheceu e a gente viu que a gente percebia na maquiagem um propósito de empoderamento, que as pessoas julgam vaidade, a gente quis levar isso para frente
Beleza acessível e renda revertida para Maré
Ela justifica o pontapé inicial com divulgação do gloss por ser um produto flexível, que permita o uso sozinho, com batom, em combinações de cores e tons de pele, e que possa para atingir o público que não costuma ter acesso a muitos produtos de beleza.
Camila diz que a realidade humilde de boa parte das mulheres do Brasil motivou a parceria com Sheila e da Milena com foco em produtos acessíveis, por menos de 25 reais a unidade, com o intuito de não desfalcar as contas do mês e incentivar o autocuidado.
“Fazia a unha por necessidade se ficar com a unha feita, mas não por luxo nem vaidade, pensava que essas coisas seriam um gasto, que poderia ser aproveitado nas minhas finanças em casa, ainda mais porque era muito humilde, nunca tive dinheiro para gastar com maquiagem, salão, beleza, pensava em pagar a conta de luz”
O detalhe é que parte das vendas da marca será revertida para o setor feminino de uma ONG chamada Redes da Maré, o projeto Casa das Mulheres da Maré. O lugar cuida especificamente das necessidades das mulheres da Maré, oferece cursos profissionalizantes para a área da beleza, auxílio jurídico, psicológico gratuitos e acolhe mulheres contra a violência doméstica.
“Fico pensando se, talvez, minha mãe tivesse tido acesso a esse tipo de auxílio quando eu era criança, teria evitado muita coisa do relacionamento com meu progenitor”, reflete.
Apaixonada por si e aberta para flertes
A proposta de beleza com empoderamento é o reflexo do momento atual de alguém que está se conhecendo cada vez mais. Camila compara a trajetória de amor próprio com o início de paixão por um namorado, quando se encanta por tudo o que a pessoa faz, nesse caso, com ela mesma.
Estou nesse processo de me apaixonar por mim, de me conhecer. Acho que esse autoconhecimento de uma Camila nova, uma Camila que descobriu que estar sozinha é positivo e que a própria companhia basta. Estou me namorando
Solteira há poucos meses, a carioca garante que ainda não foi impactada pela paquera nas redes sociais, mesmo envolvida por um grande público.
O comentário masculino que eu recebo é de ser oportunista, falando em relação ao meu ex-marido. Por incrível que pareça, não vejo o que está lá nas mensagens não lidas. Agora fiquei curiosa para saber se recebo esse tipo de mensagem. Vou até procurar saber, nunca nunca dei bola para isso
Sem relacionamentos
Após ter tido apenas Lucas Buda como cônjuge ao longo da vida, ela descarta qualquer relacionamento amoroso no momento.
“Estou aberta a conhecer pessoas, dar uns beijinhos na boca e só. Relacionamento longo, que vai exigir de mim, nem tão cedo vou meter numa loucura dessa. Não quero dor de cabeça, não é suficiente o que se viu em rede nacional? Sou muito cautelosa em relacionamentos, porque agora como é que você sabe que a pessoa tá gostando de você? Sou uma pessoa muito cautelosa com tudo e todos”
“As pessoas podem achar que foi rápido, ter uma marca, mas foram coisas que eu refleti bem na terapia para tomar as decisões subsequentes de abrir o Instagram”, completa.
Questionada sobre a repercussão da possibilidade de reatar o casamento, Camila repudia o julgamento do público que aposta que eles irão voltar.
“É um pouco decepcionante que as pessoas sempre associem a mulher a um lugar de submissão. Não posso ser poderosa, empoderada, forte por mim mesma. Tem que ter um homem por trás, tem que ter um marketing, tem que ter uma má intenção. É conveniente para as pessoas não aceitarem. É muito mais fácil, taxá-las de oportunista, biscoiteira, mentirosa, falsa, do que corajosa, independente autônoma, empoderada, guerreira”